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Ismael Nurmamade:  o talismã moçambicano na BAL  

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Ismael Nurmamade (1,85 metros), mais conhecido por Timo, dá alma pelos jogos do Ferroviário da Beira, como se viu no decisivo encontro de qualificação para os play- offs da Basketball Africa League, em que colocou a locomotiva nos carris, para vencer o Cape Town Tigers por 82-76. Ele afastou, por completo, o espectro de incerteza na marcha do marcador que se registava até aos instantes finais. Desbloqueou o jogo, a cinco minutos do fim, com um lançamento certeiro de três pontos que afectou os sul-africanos a todos os níveis.

 

Por Redacção LanceMZ

 

Aquele triplo causou desgaste psicológico, quebra física e um desespero emocional. Na verdade, Nurmamade causou tonturas ao cinco do Cape Town Tigers. Todos aqueles jogadores, diga-se de gabarito internacional, viram sua forças ruírem. Naquele momento renderam-se ao talento, criatividade e imponência de Timo. Pelo semblante de Evans Ganapamo e companhia, notou-se, pelas imagens da transmissão televisiva, que, com aquele lançamento, Nurmamade acabava de fazer o que eles temiam: dar vitalidade ao campeão nacional.

 

Para o gaudio dos locomotivas e Moçambique, o melhor do extremo base de referência nacional estava a aparecer no jogo, porque dai em diante só deu Ismael Numamade. Elevou os níveis de confiança como só os jogadores extraordinários conseguem. Apareceu com uma frescura física invulgar, força mental que só os neurocirurgiões serão capazes de saber como se consegue e, acima de tudo, com uma clarividência de chamar a si as investidas do jogo.

 

Deu arranques a uma velocidade que deixava todos à milhas de distância, estava supersónico, ninguém o parava, só viam-no lá na tabela, a deixar a bola no cesto. Quando quisesse variar, trocava os olhos a quem lhe aparecesse pela frente, com dribles rápidos, firmes e intensos, para se isolar e lançar, de forma hábil. Assim foi melhorando a pontuação da locomotiva do Chiveve. Desta forma liderou a sua equipa até dar a machadada final aos sul-africanos que se encheram de desgostos quando ele ganhou um ressalto defensivo, iniciou uma jogada até ir marcar sozinho dois pontos, quando se estava a dois minutos do fim. Pôs o Ferroviário na liderança do marcador

(74-73).

 

DE QUELIMANE PARA BRILHAR EM ÁFRICA

 

Por essas alturas, o jogador nascido a 3 de Dezembro de 1991, em Quelimane só amordaçava os adversários. Era tamanha a maldade que os causava. Tudo saia-lhe na perfeição. Deu assistências, voltou a fazer pontos, buscou faltas que lhe levaram a zona de lance livre, converteu com uma normalidade invulgar que parecia estar a divertir-se. Naquela noite, devia ter sido visto pelo seu ídolo Kobe Bryant.

 

A sua prestação foi uma lição que um moçambicano, formado nas humildes escolas nacionais de basquetebol deu aos jogadores que se orgulham de terem tido o bê-a-ba nas academias evoluídas dos Estados Unidos da América. Timo fez por merecer e mostrou que Moçambique e moçambicanos são capazes.

 

Neste jogo esteve em campo por 33:14 minutos, marcou 20 pontos, dos quais 10 foram de lançamentos de dois pontos, 6 de triplos e 4 da zona de lance livre. Ganhou ainda 3 ressaltos e prestou 2 assistências.

 

Mais que isso colocou em campo a atmosfera bem moçambicana. Basta referir que os demais colegas com os quais compôs o cinco inicial e esteve em campo por longo tempo, são estrangeiros, formados nas academias americanas. O mesmo cenário registou-se entre os jogadores adversários que defrontou. É caso para dizer que este basquetista foi um valioso e genuíno porta-estandarde da moçambicanidade e o orgulho nacional.

 

Esse detalhe veio ao de cima entre os comentadores oficiais da BAL que fizeram questão de enfatizar o quão é significativa e simbólica a prestação de Nurmamade. Disseram ao mundo que ele foi o jogador mais valioso (MVP), da Liga Nacional de Basquetebol, na edição de 2017. Imagine-se isso dito para todo o mundo, no mesmo canal que transmite os jogos da NBA - National Basketball Association. É a consagração do basquetebol moçambicano à escala planetária.

 

LOCOMOTIVA DO CHIVEVE DESDE 2013

 

É de praxe referir que a estrutura do Ferroviário da Beira terá de aprimorar o estatuto deste atleta na equipa que, por sinal, representa desde 2013. É o mais antigo e mais valioso entre os que estão na BAL. A nível nacional é um exemplo e referência para a mística, com essa particularidade de se manter firme numa colectividade por 10 anos seguidos, a competir ao mais alto nível.

 

Como se pode depreender, ele não se faz valer por um jogo, aliás, na competição em curso é quem indica à equipa o caminho da pontuação. Contra o Al Ahly, do Egipto, e Petro de Luanda, de Angola fez os primeiros pontos, através de lançamentos triplos. Nas vitórias sobre o SLAC, da Guiné-Conacri e Cape Town Tigers, da África do Sul, anotou sempre os primeiros quatro pontos de cada partida. Pede-se agora que faça o mesmo no jogo contra o City Oilers, do Uganda, para que o Ferroviário feche com a chave de ouro a sua participação na Conferência NILO da BAL.

 

É de louvar o facto do clube ter confiado ao Timo a missão de anunciar o compromisso da equipa em relação à próxima fase da liga profissional africana. 

 

Há um vínculo forte, estabelecido entre este jogador e o público, principalmente o da Beira. Nesta sua segunda participação na BAL contabiliza, até ao momento, uma média de 27:39 minutos, nos quais tem o registo médio de 14.0 pontos, 2.8 assistências e 2.3 ressaltos. Quem o vê a jogar nem acredita que recuperou recentemente de uma lesão contraída em Fevereiro deste ano (2023), quando esteve ao serviço da selecção nacional de basquetebol sénior masculino, nas qualificativas para o AFROCAN 2023 e que por via disso só se reintegrou à equipa duas semanas antes da partida para Cairo. Há muito talento! (LANCEMZ)

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